quarta-feira, 26 de novembro de 2014

NENHUMA MULHER PRECISA DE EPISIOTOMIA!RECUSEM ESSE PROCEDIMENTO!

A episiotomia é uma forma de mutilação genital, cuja prática reiterada não se sustenta diante das evidências científicas. Trata-se de um corte feito com bisturi e tesoura, entre a vagina e o ânus das mulheres durante o parto vaginal.
Desde o século XIX que a medicina obstétrica inventou de disseminar essa barbaridade por aí (idéia de um homem, obviamente) sem que nunca se demonstrasse a real necessidade ou os benefícios do procedimento.
Os malefícios, por outro lado, vem sendo amplamente documentados pela literatura médica DESDE OS ANOS 80 (!!!). Pois é, desde os anos 80 que Thacker e Banta perceberam que a episiotomia de rotina mais atrapalhava do que ajudava e passaram a recomendar que o procedimento fosse feito de forma seletiva, devendo os profissionais de saúde usarem seu "juízo clínico" para definir quando o procedimento é realmente necessário.
O problema é que o juízo clínico de profissionais de saúde formados nesse modelo misógino, tecnocrático e centrado no protagonismo do médico que temos aqui no Brasil não é lá essas coisas. Por isso, segundo a pesquisadora Simone Diniz, da Faculdade de Saúde Pública da USP, cerca de 94% das mulhres que passam por parto vaginal no Brasil têm seus períneos cortados. Trata-se de um número difícil de se se estabelecer com exatidão porque, apesar da episiotomia ser um procedimento cirúrgico, ela é realizada com frequência sem a informação e o consentimento das mulheres, não constando nos sequer nos prontuários. Relatos de episiotomias sendo realizadas CONTRA A VONTADE das mulheres são bastante frequentes.
[antes de continuar sua leitura, pare, feche os olhos e imagine uma mulher em trabalho de parto, sentindo contrações, deitada em uma maca com os pés amarrados em estribos, em posição de talha litotômica - a pior para parir - assustada, sozinha (lei do acompanhante?quem disse que os profissionais de saúde ligam pra isso?), com um monte de gente paramentada, que ela não conhece, não confia e só consegue ver os olhos pela fresta entre touca e máscara. Imagine essa mulher gritando, dizendo que não quer que cortem sua vagina. A anestesia não pega direito, afinal o residente que está usando aquele corpo grávido de cobaia não é lá essas coisas. Enquanto ela grita que não quer que cortem, que a deixem rasgar, que ela assume a responsabilidade, a mão trêmula do residente faz o pique com o bisturi e termina de abrir um talho medonho no períneo da mulher com a tesoura. Depois que o bebê sair e o corte rasgar mais um bom tanto pra dentro, na hora de costurar, vão deixar a vagina da mulher "bem apertada" e dar "ponto do marido", afinal, pra que serve uma mulher alargada? Depois de esses pontos infeccionarem, a vagina dela vai ficar toda fibrosada e ela vai reviver o trauma do parto toda vez que for transar].
Não há indicação real para episiotomia que se sustente diante das evidências científicas.
- "períneo rígido" é uma viagem, uma abstração, uma viagem, uma especulação. Nem quem faz episiotomia sob essa justificativa sabe do que está falando.
- médico não é vidente, e por isso não é capaz de prever, só de bater o olho, se uma laceração grave "vai acontecer". E ainda que o profissional de saúde ache que tem esse talento, a realização de episiotomia piora os desfechos no caso de lacerações de 3º e 4º grau
- episiotomia não abrevia a duração da fase expulsiva do trabalho de parto
- episiotomia não serve pra nada em caso de distócia de ombros, porque o bebê entalou na bacia, não na saída da vagina
- episiotomia é dispensável no parto instrumental - (que, diga-se de passagem, não deve passar de 10%. Se o médico tem uma taxa de fórcipe maior que essa, seu alerta-açougue tem que começar a piscar)
parem de acreditar no mito da vagina assassina, pronta para esmagar crânios dos pobres bebês se não for devidamente "adequada" pela linha reta salvadora da medicina. Só parem. E reflitam sobre a própria misoginia.
O corpo da mulher não é essencialmente defeituoso, e não requer intervenções, salvo raras exceções, para parir. É possível abolir completamente a episiotomia e atingir níveis bastante satisfatórios de períneos íntegros, conforme demonstram as experiências de Melania Amorim e Leila Katz. Lacerações ocorrem, mas muitas vezes não requerem sequer sutura. Vale lembrar que lacerações expontâneas causam danos muito menores à musculatura do períneo e têm uma recuperação muito melhor que a de uma episiotomia.
Mulher, se você não quer que te cortem, lute por isso. Infelizmente, a única forma de escapar da violência obstétrica é com empoderamento (sensibilizar profissionais de saúde é mais difícil, principalmente os médicos com sua arrogância corporativista). Assine esse termo, reconheça firma em cartório e ande com ele com você. Se chegar no hospital e quiserem te cortar, não deixe, grite, esperneie, chute a mão do médico.
Não deixe ninguém encostar em você a não ser que você queira. Não fique em posição de litotomia a não ser que você queira. Não deixe colocarem um acesso venoso no seu braço a não ser que você esteja suficientemente convencida da necessidade de se acelerar o trabalho de parto (e aumentar exponencialmente a dor) com ocitocina sintética. O corpo é nosso, os filhos são nossos e é nosso direito parí-los como queremos e achamos melhor, independente dessa medicina machista querer nos convencer do contrário.
NENHUMA mulher precisa de episiotomia para parir. Entenderam? NENHUMA mulher!
Médicos(as) que continuam fazendo este procedimento sofrem de desatualização crônica. E infelizmente são a maioria no Brasil.
Portanto, para proteger seu períneo de uma violência obstétrica, imprima o documento abaixo, assine e leve ao hospital/maternidade quando estiver em trabalho de parto.
Melhor ainda, carregue-o na bolsa, todos os dias, com você.

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